quarta-feira, abril 25, 2007

Quimioterapia

"- Mamãe, quando o seu cabelo cair você compra uma peruca vermelha?"

Fraco

Tem gosto pra tudo. Eu por exemplo... tenho que confessar: tenho um inexplicável fraco por mulheres de óculos.
Óculos de grau mesmo, não escuros.
Esse eu acho que nem Freud explica...

terça-feira, abril 24, 2007

Ônibus

Pior que sentar ao lado de um desconhecido no ônibus e sentar ao lado de algum "conhecido", daqueles que se tem pouca intimidade e que sempre, invariavelmente, acha que tem obrigação (ou até mesmo o direito) de puxar assunto e conversar durante todo o percurso - seja longe ou seja perto.
Sou a favor de poltronas individuais, música relaxante nos coletivos e plaquinhas espalhadas: "Fale com o passageiro ao lado somente o indispensável".

Oi! Tudo bem?

Engraçado como são as coisas. Você cruza com pessoas na rua, ou atende o telefone e a saudação é sempre a mesma - e a resposta também.
"Oi! tudo bem? Tudo bem e vc? Tudo bem..."
São poucas as pessoas que, quando perguntamos (ou nos perguntam) "Tudo bem?" querem realmente saber o que está acontecendo em nossas vidas, se estamos bom, se temos algum problema. No mais, é pra ser uma saudação rápida mesmo e eu não faço a menor questão de "encumpridar" a conversa.

segunda-feira, abril 23, 2007

A praia

Itacoatiara. Para quem não conhece, muito prazer.

Apertem os cintos

Apertem os cintos, este Blog está entrando em zonas de turbulências e papos-cabeça.

Manhãs de abril

Ontem, minha tia me contou o que minha avó sempre contava sobre manhãs, tardes e noites.
Ela (minha avó) exaltava a beleza das manhãs de abril, das tardes de maio e das noites de junho.
Eu estou mesmo precisando de uma bela manhã - sozinho. Acordar, durante a semana, e ao invés de colocar a roupa de trabalho (normalmente uma calça jeans e uma T-shirt) vestir uma sunga e ir para a praia. Sentar na areia. Ouvir o mar, o vento... Olhar para o horizonte e pensar na vida ou não pensar em nada. Um momento só meu.
Ou melhor, só eu e Deus.

Apertem os cintos

Apertem os cintos, este site está entrando em zonas de turbulências e papos-cabeça.

Egoismo?

Quando ouço alguém falar, com pena de alguém que morreu, sempre digo que pior é pra quem fica.
Quem vai, ou passa realmente desta para melhor, ou se acaba mesmo de fato.
Não que seja melhor morrer a ficar vivo - eu, particularmente, gosto muito da minha "posição de encarnado". É só um pensamento que sempre tive.
Me lembrei disso agora, no meu contexto, para avaliar se realmente penso assim ou era coisa da boca pra fora. E, por incrível que pareça continuo pensando assim.
Mas me pego às vezes questionando... será que é egoismo meu pensar assim? Será que é olhar de mais para o meu próprio sofrimento sem me importar com o sofrimento do outro?
Acho que tenho que voltar para a análise...
 

Jogo marcado

Quarta-feira sempre foi dia de jogo na TV. Nesta próxima porém, é a data marcada início de uma nova partida - vamos começar o tratamento de fato, com a colocação do catéter e as primeiras sessões de quimioterapia.
O importante é que o time está unido e que o adversário é grande mas não é dois.

sábado, abril 21, 2007

Noite

A noite é como um manto que nos cobre de escuridão e descobre nossas cabeças, que vão sempre além do que deviam quando colocamos a cabeça no travesseiro - e pode acreditar: não é consciência pesada.

sexta-feira, abril 20, 2007

medo da morte

As pessoas reclamam disso, daquilo, da vida e do vizinho - mas quando a morte ronda a coisa muda de figura - ninguém quer ir para o outro lado.
Tá, estou sendo dramático talvez... mas pra morrer basta estar vivo.

quinta-feira, abril 19, 2007

Peso da palavra

A história relata, o prognóstico é bom. Responde rápido ao tratamento. Todo mundo pode dizer e os médicos podem afirmar e reafirmar.
O fato é que a palavra "cancer" traz consigo muitos significantes e um peso pra lá de grande.

Dias lindos, dias feios

Fico pensando... os últimos meses foram repletos de dias ensolarados, céu azul, poucas nuvens e nenhuma chuva.
Fico pensando... os dias lindos nunca foram tão feios...

Válvula de escape

Em função deste turbilhão de acontecimentos e emoções, estava muito propenso e conformado em abandonar este Blog - não em definitivo, mas deixá-lo de lado um pouquinho esperando momentos mais felizes. Afinal, um dos motivos para o qual este foi criado foi de dividir com vocês (tem alguém aí?) as delociosas experiências que tive, tenho e terei com a minha filha - de quebra, respeitando as diferenças, um pouco da visão masculina do casamento (sem generalizar, pois nem toda visão masculina é masculina como a minha) .
Sei que todos nós mudamos a cada dia. Somos resultado de interferências que modifica nossas idéias, objetivos, referências de vida e valores a cada minuto que passa - a cada passo no ponteiro. Mas quando algo mais forte e intenso acontece (como, no meu caso, a morte do meu filho e, desenrolando a meada, o cancer da minha esposa) é como se a vida recebesse uma dose cavalar de um catalisador que faz tudo acontecer mais rápido dentro da nossa cabeça - ao menos da minha.
Como tenho que continuar comendo, pagando contas e escola, tenho que conciliar tudo isso com o trabalho - com a menor interferência possível. Se eu fosse um "funcionário público" (sem ofensas, por favor - é apenas uma metáfora) com trabalho burocrático seria mais fácil: carimba, vira folha, carimba, vira folha... - mas como trabalho com criação/cabeça confesso que o trabalho fica mais sensibilizado.
Além disso, penso mas ainda não posso (ou talvez possa, mas não queira... não sei. Freud explica...) voltar para a análise resolvi agregar a este Blog mais esta respeitosa função - de válvula de escape - de conversar, botar pra fora e até mesmo, com o perdão da palavra, vomitar um pouco de tudo isso que eu estou passando... (afinal, quando algo nos faz mal, a solução é botar pra fora...)
"Mudando o foco" corro o risco de perder leitores... mas já corri tantos riscos e tive tantas perdas nestes últimos meses que acho que tudo isso faz parte da vida mesmo...

Bicho-papão

Coriocarcinoma. Este é o nome da fera. Prognóstico bom, é verdade.
A maratona continua. Já estou com saudades dos meus dias comuns - quando pagar contas atrasadas e parcelamentos de dívidas era uma de minhas maiores preocupações.

espresso

Exames longos, cadeira de hospital e a bela comapnhia de uma linda máquina de café espresso - perdi a conta de quantos cafézinhos eu tomei no dia de ontem.
No final do dia, já íntimo da deliciosa maquininha, eram duas doses de cada vez - sem açucar, já que o dia não tinha mesmo nada de doce.
Foi tanta cafeína que 2 da manhã foi cedo pra mim.

quinta-feira, abril 12, 2007

Orações

Peço a todos que tenham qualquer apreço por este respeitoso blog, ou até mesmo pelo sofrimento alheio - mesmo que de um desconhecido, que orem muito por este que vos escreve e por seus (meus) familiares.
Orem com fé e com o coração pois o momento é muito, muito delicado.
Prefiro não falar o motivo do meu pedido neste momento, mas agradeço do fundo do meu coraçãoa atenção e as preces.
Espero retornar em breve com boas notícias...