A vida da gente é realmente muito frágil.
O tratamento do cancer já entrou na fase de consolidação. O Hormonio BetaHCG chegou a zero e agora faltam apenas algumas seções de QT (quimioterapia, para os íntimos) para o tratamento terminar. O "fantasma" de uma reincidência vai estar sempre por perto - mas o tipo de cancêr e a forma como reagiu ao tratamento indicam que não vai voltar não. De qualquer forma, os primeiros 2 anos seguintes são os mais apreensivos.
Quando acontece uma coisa desse tipo a gente logo pensa: "Pronto, já sei do que eu vou morrer." "Desta vez ele foi embora mas ele pode voltar". E a gente acaba achando que, um dia, vai morrer de Cancer mesmo. Eu, por exemplo, tenho quase que certeza absoluta que vou morrer do coração. Assim como meu pai. Assim como minha mãe (que é viva, mas tem lá suas "pontes de safena" no peito). Assim como minha avó materna. Assim como um monte de gente na família. Dizem inclusive que é uma predisposição que o próprio espírito traz consigo, quando (re)nascemos.
O que a gente esquece é que o tempo todos estamos vulneráveis. Quando atravessamos uma rua, quando entramos no banco, quando tomamos banho no chuveiro elétrico, quando abrimos os olhos ao acordar e até mesmo quando fechamos os olhos para dormir.
A minha esposa voltou a ser internada de emergência. Nada com o Cancer diretamente. O catéter "fez uma trombose" que "fez" uma embolia pulmonar. Coisa séria. Ainda mais porque o exame que mostrou (tomografia) foi feito em uma sexta-feira e o laboratório que fez o exame não avisou ao médico nem ao paciente - procedimento exigido em casos assim. Passamos o final de semana achando que tudo estava bem mas quando pegamos o resultado tomamos um susto. Foi internação imediata.
Podia ter sido a qualquer momento. Em qualquer lugar. Aí que lembramos que a vida está sempre por um fio. E que este fio está nas mãos de Deus.