Papo de elevador

Tem momentos na vida em que poderíamos ficar calados - mas o ser humano cisma em se relacionar... dá nisso.
Papo de elevador, ontem, ao sair do escritório por volta de 8 da noite.
Na espera do "carro" estava o advogado do fundo do corredor. Um coroa de cabelo branquinho, magro alto que sempre tem uns papos doidos: já quis comprar a geladeira do meu escritório, já falou que a nossa sala é a mais quente do prédio, já falou que o proprietário da sala que ocupamos cobra aluguel muito caro (sem saber que o proprietário da sala era o meu pai), já elogiou a pintura das paredes laranjas, e por aí vai. Mas no fundo o coroa é boa gente...
entramos no elevador e começa a descida (10 andares):
coroa> E aí? ainda volta hoje?
eu> Não.. por hoje chega né...
coroa> Pois é... veja só: 8 da noite. A gente chega no escritório 8 da manhã e só sai agora.
eu> pior que a parte da manhã não rende nada né? quando a gente vê tá na hora do almoço e a manhã foi embora...
coroa> é verdade... e quando a gente volta do almoço já dá 8 da noite e o dia voou.
eu> E amanhã (hoje) já é quinta-feira! a semana acabou!
coroa> os meses estão voando - já estamos em agosto.
eu> é verdade ("é verdade" de carioca, não o da Sabrina Sato)... 2005 já foi embora.
eu> e eu já estou com 32...
coroa> ... (silêncio... olha pro infinito, talvez lembrando dos seus 32...)
O elevador pára.
coroa> té logo...
eu> té manhã...
Cada um vai para um lado diferente.